OPINIÕES SOBRE O LIVRO "OS PECADOS DOS ESPÍRITAS"

“Quando me deparei com o livro: “Os Pecados dos Espíritas” confesso que fui tomado por uma sensação de dúvida; inevitavelmente minhas recordações a respeito de outros livros de caráter espírita, principalmente os lançados nos últimos tempos, onde houve uma considerável expansão de seus adeptos, me remetia a pensamentos no mínimo desconfortantes e entristecedores. Por muitas vezes tive a oportunidade, e mais do que isso, o desejo de conhecer e ampliar meus conhecimentos a respeito de determinados conceitos religiosos. Dentre eles, o espiritismo se destacou por sua simplicidade e bom senso, suas doutrinas e análises a respeito dos fatores ligados ao homem sempre me parecerem bastante lúcidas e agregadoras. O certo é que com o passar do tempo o espiritismo ganhou corpo, força, e seus porta-vozes começaram a ganhar espaço e notoriedade inclusive se utilizando de ferramentas midiáticas antes nem cogitadas para tal. Pois bem. O espiritismo, mesmo com potencial para solidificar-se, começava a fazer uma transição decepcionante. Onde outrora se preocupava com aspectos básicos da filosofia do bem, da proliferação do amor, da simplicidade e honestidade entre seus iguais, nos apresentava uma banalização de seus conceitos. Médiuns tornaram-se verdadeiros mártires contemporâneos, tinham verdadeiros séquitos de dar inveja aos grandes heróis vistos em nossa vasta literatura. Os ensinamentos primários, antes tidos como essenciais, eram deixados de lado para que os interesses pessoais de núcleos específicos fossem colocados a frente. Com o renome obtido, a procura aumentava, o trabalho aumentava, o tempo diminuía, a paciência se esgotava e aqueles que não abandonavam a causa por mera displicência e desinteresse se aproveitavam da situação de maneira covarde. O dinheiro, posse material tão contestada pelos espíritas, hoje é ponto crucial da relação estabelecida entre líderes e seguidores. Tesouros inestimáveis foram construídos através da mitificação de livros “psicografados” que se tornaram uma febre entre os leitores espíritas. Pouco importava a verossimilhança dos fatos, ou da conduta do médium que se apresentava, do tal espírito que falava por ele. O importante mesmo era o entretenimento, puro e simples, unicamente superficial. Obviamente um fanatismo se criou em torno de tais figuras emblemáticas que aproveitavam a situação pra seu crescimento pessoal absolutamente materialista, suas palavras reverberavam como se fossem ordens emitidas diretamente de Deus, seus conceitos pessoais eram idolatrados e seguidos sem ao menos ser contestados. Intocáveis. Mas não havia explicação lógica. Ninguém parecia perceber tais indícios tão evidentes. Não havia nenhuma força pra contestar tais parâmetros, uma outra vertente de pensamento. Não se ponderava questionar os caminhos que o espiritismo tomava, acatar seus desígnios era a solução mais viável e conveniente. Sentia como se tudo que outrora era brilhante e eficaz hoje se tornava falho e corrompido. Que em nada mais poderia se diferenciar o espiritismo dos demais. E foi justamente isso que eu encontrei em “Os Pecados dos Espíritas”. Fui acometido por um imenso prazer quando desfrutei de tão inteligentes críticas e análises acerca do período religioso espírita em que vivemos. Nos é mostradas verdades de maneira simples, direta, mas com coragem e propriedade nos conceitos. Transmite idéias de absoluta coerência e lógica, focando em aspectos primordiais já esquecidos por grande parte daqueles que dizem levar adianta seus ensinamentos. A contestação e enfrentamento a vários processos que se formaram ao longo do tempo e que na verdade não contribuíram em nada além da formação deficiente de espíritas é simplesmente GENIAL. Nos força a reavaliar uma série de questões que por mero descaso se tornaram um padrão e que necessitavam de revisões e re-análises urgentemente. Questões estas que somente alienavam as pessoas e as afastava dos caminhos corretos a serem trilhados e cultivados dando lugar a uma banalização de superficialidades desnecessárias e alegóricas. Uma nova proposta do espiritismo foi apresentada, estabelecendo-se novas condutas e características, embora soando de maneira paradoxal, com o intuito de gerar apenas um reflexo daquilo que deveria ter sido feito desde sempre e não alterado e distorcido pelo homem ao longo de sua jornada Evidentemente que junto a isso surgem inúmeras forças contraditórias e de resistência, notoriamente ortodoxas, enraizadas e cegas pela falta de coragem da maioria. Mas é inegável que os valores que motivaram essa nova postura são louváveis e de extrema consciência e potencial. E independente até de abraçar a causa ou não, seguir os pensamentos e esclarecimentos mostrados ou não, ninguém pode proferir qualquer crítica que seja a iniciativa tomada, ao invés, aliás, devemos agradecer e valorizar medidas providenciais como esta, medidas que nos apontam erros, novas possibilidades e pontos de vista, que nos oferecem a oportunidade de expandir nossas mentes e ampliar nossa luz. O mundo de certo que seria um lugar muito mais valioso e iluminado se tivéssemos mais pessoas com a sabedoria de Sonia Naranjo, com está força e fé, com a capacidade de mudar e alterar implícitas em sua personalidade e caráter. Que não se omite ou se esconde atrás de palavras, mas as utiliza a seu favor. E de fato, me rendo a este último comentário, mas que define com extrema perfeição meus sentimentos ao terminar minha leitura: “Os Pecados dos Espíritas” é nada mais, nada menos, umas das melhoras obras já lidas em toda minha vida.” Vinícius Peres (Publicitário)

Nenhum comentário:

Postar um comentário